Em Palhoça, desde domingo, as chuvas já alcançaram a marca de 300 milímetros atingindo vários bairros, com maior volume, nas localidades de Aririú, Praia de Fora e Ponte do Iaruim.Também, várias ruas centrais ficaram alagadas.
Com o solo ainda encharcado pelas chuvas do final de novembro e início deste mês, o risco de deslizamentos tem sido ainda maior e em alguns locais, como o Morro dos Quadros, Bela Vista e Guarda do Cubatão, já foram verificados sinistros.
O tráfego na BR-101 no Morro dos Cavalos, que vinha acontecendo em apenas duas das quatro pistas, foi totalmente interditado e somente liberado, em pista única, na noite de hoje.
AÇÕES
O prefeito Eduardo Freccia vem acompanhando as equipes da Defesa Civil que estão percorrendo o município em vistoria a áreas de risco de deslizamento e áreas com registro de alagamento.
Pela manhã, ruas foram interditadas em função dos alagamentos, como na região central e nos bairros Passa Vinte, Caminho Novo, Guarda do Cubatão e Pachecos. A Defesa Civil orienta moradores de áreas de risco, especialmente aqueles que moram em áreas de encosta, a deixarem suas casas e buscarem abrigo. A Prefeitura organizou abrigos para receber moradores atingidos pela chuva. Cerca de 52 pessoas já estão sendo abrigadas e atendidas na Associação Laura dos Santos, no Frei Damião.
Quem precisar de ajuda pode acionar a Defesa Civil, pelo número 199, ou o Corpo de Bombeiros, pelo número 193.
RECÉM-NASCIDO: A VIDA, DE NOVO
Em meio ao caos provocado pela chuva intensa, por outro lado, são registradas situações de desespero mas que, se revestem de esperança e encontram um final feliz. Recentemente, a guarnição da Guarda Municipal de Palhoça (GMP) reencontrou a família da pequena Yasmin, que poderia não ter sobrevivido se os agentes não tivessem enfrentado o aguaceiro do dia 30 de novembro em busca de atendimento médico para a menina.
A noite de 30 de novembro foi marcada por um volume intenso de chuva, que atingiu praticamente toda a cidade de Palhoça. Os pontos de alagamento se multiplicavam pela cidade. A equipe da GMP estava trabalhando no Pagani quando encontrou a família de Yasmin, que vivia um drama particular em meio à enxurrada para salvar a menina, então com apenas 35 dias de vida.
Maicon e Camila, os pais da menina, contam que a mãe estava amamentando quando Yasmin se afogou, por volta das 21h30, bem no horário da chuva torrencial. As vias aéreas ficaram totalmente bloqueadas e a situação era muito grave. “Por ela já ter arritmia cardíaca, nosso pavor foi maior ainda. Nós iniciamos a manobra para reanimá-la. Depois de dois procedimentos, ela voltou a dar uma leve respirada mas voltou a se afoga. Tentamos uma terceira vez, com a ajuda de vizinhos, e conseguimos uma nova manobra; ela voltou a respirar, mas não voltou à cor normal, estava roxa, ainda”, relembra o pai.
Maicon conta que a família tentou contato com as autoridades pelos números de emergência da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, mas as linhas estavam congestionadas, devido ao alto volume de ligações de pessoas pedindo socorro em razão das consequências da chuva. “Com a ajuda do vizinho, pegamos o carro e saímos desesperados para tentar alguma ajuda, sem saber se conseguiríamos chegar a algum atendimento”, recorda o pai.
Quando chegaram ao Pagani, uma viatura da GMP encostou ao lado do carro da família e começou a prestar auxílio no deslocamento até a unidade de pronto atendimento (UPA) do Bela Vista. Em uma sinaleira, o carro da família não passaria pelo aguaceiro, nas proximidades do ViaCatarina – àquela altura, a água já havia invadido até o interior do shopping.
A guarnição da GMP, então, embarcou a bebê, a mãe e uma vizinha na viatura, passou pelo canteiro, trafegou na contramão e atravessou o alagamento para tentar levar a menina até a UPA. “Eu desacreditei, porque a água estava muito alta, passava da lanterna traseira da viatura, mas graças a Deus conseguiram passar. Eu fiquei pra trás e eles foram na direção da UPA”, narra Maicon.
“É um daqueles momentos em que a gente acredita em uma energia maior, porque não sei se o carro passaria em uma condição normal, tenho minhas dúvidas sobre o que aconteceu ali. Era muita água. A gente conseguiu passar pelo meio-fio, na contramão, depois passamos pela BR-101 já interditada, na marginal, conseguimos trafegar na contramão, conseguimos ajuda da PRF e pegamos muita água novamente para chegar à UPA”, detalha o guarda municipal Tony Anderson.
“Lá na UPA, a Yasmin foi muito bem atendida, fizeram todo o procedimento e agora ela está aqui, muito bem”, emociona-se o agente da GMP. “Graças a Deus”, celebra a mãe.
Yasmin está bem e vai crescer saudável, graças à ajuda que recebeu dos agentes da Guarda Municipal de Palhoça naquela noite de tristeza para muitos palhocenses, mas de alívio para a família de Maicon e Camila, que serão eternamente gratos aos agentes que ajudaram a salvar a vida da filha.