ALESC PROMOVE SEMINÁRIO PARA AMPLIAR POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE FIBROMIALGIA EM SANTA CATARINA

Doença invisível atinge mais de 130 mil catarinenses e ganha espaço no debate público. (FOTO: Jeferson Baldo/Agência AL)

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) deu mais um passo na busca por políticas públicas voltadas às chamadas “doenças invisíveis”. O primeiro Seminário Regional sobre Fibromialgia, realizado em Blumenau nesta segunda-feira reuniu especialistas, autoridades e portadores da síndrome em uma discussão sobre diagnóstico, acolhimento e direitos.

O evento foi promovido pela Comissão de Saúde e pela Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, por proposição do deputado Maurício Peixer (PL).

“Precisamos tornar visível essa dor invisível”, diz deputado Peixer

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), cerca de 130 mil pessoas vivem com fibromialgia em Santa Catarina. O deputado Maurício Peixer ressaltou a importância de reconhecer o sofrimento cotidiano desses pacientes — em sua maioria mulheres.

“Verifiquei que a dor dessas mulheres é muito grande, e são dores invisíveis. Elas precisam ser ouvidas e ter uma melhor qualidade de vida. Só quem vive essa dor sabe o quanto é difícil o dia a dia, até mesmo para prender o cabelo”, destacou Peixer.

O parlamentar afirmou que encontros como o seminário ajudam a sensibilizar profissionais de saúde e a ampliar o entendimento da sociedade sobre a doença.

Lei estadual garante direitos e benefícios a quem tem fibromialgia

Desde junho de 2024, a Lei Estadual nº 18.928 reconhece a fibromialgia como uma condição equiparada à deficiência (PcD) em Santa Catarina.

A legislação garante acesso a benefícios sociais e direitos prioritários, entre eles a Carteira de Identificação da Pessoa com Fibromialgia (CIPF).
Com ela, os portadores têm direito à gratuidade no transporte intermunicipal e à prioridade em serviços públicos e privados, especialmente nas áreas da saúde, educação e assistência social.

A carteirinha é emitida pela Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), que já contabiliza mais de 1,5 mil documentos expedidos.

Depoimentos emocionam e dão voz a quem convive com a dor

A presidente da Associação Catarinense de Portadores de Fibromialgia, Cleia Aparecida Giosole, destacou que o seminário representa um avanço no combate ao preconceito.

“Ainda convivemos com muito preconceito, por não ser uma doença visível. Só quem sente sabe a dificuldade de um sorriso ou de um abraço. A parceria com a Alesc ajuda a sociedade a abraçar essa causa”, afirmou.

Cleia compartilhou sua experiência pessoal com a síndrome, emocionando o público.

“Muitos nos olham com desconfiança, pois não temos nada quebrado. Mas vivemos 24 horas de sofrimento. É desumano. Precisamos tornar essa dor visível”, disse.

O que é a fibromialgia e como identificar os sintomas

A fibromialgia é uma síndrome caracterizada por dor crônica generalizada, acompanhada de fadiga, transtornos do sono, alterações cognitivas e problemas de humor.

A Sociedade Brasileira de Reumatologia estima que entre 2% e 12% da população adulta no país viva com a doença — e nove em cada dez pacientes são mulheres. O diagnóstico costuma ocorrer entre os 30 e 50 anos, e o tratamento envolve acompanhamento multidisciplinar, sem cura definitiva.

Próximas etapas: novos seminários regionais em 2025

A iniciativa da Alesc prevê a realização de três novos seminários regionais ainda neste ano, nas cidades de Capivari de Baixo, Itajaí e Concórdia.

Os encontros têm como objetivo difundir informações sobre a fibromialgia, ouvir os pacientes e subsidiar novas propostas de políticas públicas voltadas às doenças invisíveis em Santa Catarina.

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