
A Central de Abastecimento (Ceasa) de Joinville, que desempenha papel estratégico no fornecimento de alimentos ao Norte catarinense, está há mais de quatro anos funcionando abaixo de sua capacidade. O tema motivou uma audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) nesta segunda-feira reunindo autoridades, produtores e representantes da comunidade para definir ações que viabilizem sua reativação.
Segundo o deputado Adilson Girardi (MDB), propositor do debate, a administração da Ceasa foi transferida da prefeitura de Joinville para o governo do Estado há cerca de quatro anos, período em que começaram os impasses sobre reformas e licitações.
Desde então, surgiu a necessidade de uma reformulação e de reformas estruturais para que a Ceasa possa abrigar todos os boxistas interessados em atuar no local. Essa audiência pública é de extrema importância para cobrarmos urgência do Estado na execução das ações necessárias, como a licitação para a reforma e, posteriormente, para a contratação dos novos boxistas”, destacou o parlamentar.
Entre as principais carências estão a modernização da infraestrutura física, a implantação de sistemas de gestão de resíduos e tratamento de efluentes, e o cumprimento das normas sanitárias.
Investimentos em tecnologia e qualificação
Além das obras, a unidade precisa de investimentos em tecnologia e gestão operacional. A proposta inclui a criação de um sistema informatizado para controle e rastreabilidade dos produtos, o que aumentaria a transparência e a eficiência das transações.
Também está em discussão o fortalecimento da equipe técnica, com profissionais especializados em logística, inspeção sanitária e controle de qualidade.
Governo confirma recursos e plano de revitalização
O secretário de Estado da Agricultura e Pecuária, Carlos Chiodini, ressaltou a importância da central para o desenvolvimento regional: “Essa é uma questão que vem se arrastando há anos. A Ceasa de Joinville não consegue operar da forma que deveria, considerando sua relevância populacional e econômica. O governador Jorginho Mello já destinou os recursos necessários para as obras, mas não se trata apenas de obras — é preciso motivação, chamar os produtores para dentro da Ceasa, atrair os comerciantes e fazer o local voltar a funcionar plenamente.”
Chiodini explicou ainda o andamento do processo de revitalização. “Atualmente, a Associação de Municípios da Região de Joinville (Amunesc) elaborou o projeto de revitalização, que está em fase de aprovação na Secretaria de Estado da Infraestrutura. Assim que ultrapassarmos essa etapa, iniciaremos o processo burocrático para licitar a obra.
O governo tem vontade, tem recursos e vai executar. Joinville é um dos municípios com o maior número de agricultores do Estado, por isso nossa preocupação e empenho em repaginar a Ceasa, conectando-a a outros setores da economia, como restaurantes e supermercados, que buscam produtos de qualidade e com melhor preço”, afirmou o secretário.
Potencial de mercado e impacto econômico
Hoje, a Ceasa Joinville conta com apenas quatro boxistas e movimenta cerca de 14 mil toneladas por mês. Com a revitalização, a estrutura poderá abrigar 21 boxistas e atingir 118 mil toneladas por ano, fortalecendo o abastecimento regional.
De acordo com a Epagri, o potencial de compradores é expressivo: 6 mil apenas em Joinville e 17,2 mil em toda a região Norte.
“São mais de R$ 3,5 milhões destinados à revitalização do pavilhão dos atacadistas. Essa obra vai impulsionar a economia regional e valorizar o produtor local”, afirmou Sandro Vidal, diretor-presidente da Ceasa.
Produtores e parlamentares pedem agilidade
O deputado Matheus Cadorin (Novo) reforçou a necessidade de agilidade na execução das obras
“Esse é o nosso desejo: que finalmente se coloque fim a essa novela. Hoje temos uma Ceasa praticamente desativada ou funcionando muito aquém do necessário. O consumidor precisa ir até Curitiba ou São José para comprar produtos que são produzidos aqui, e o produtor precisa se deslocar para vender. Isso é inadmissível, já que temos uma estrutura pronta e que funcionava bem para atender a comunidade. Os trâmites de reforma e reativação desse equipamento já demoraram demais”, afirmou o parlamentar.
O agricultor Indalécio Sumech também destacou a expectativa do setor rural. “Tudo o que vem para somar com a agricultura de Joinville, como a reativação e a reformulação da nossa Ceasa, é bem-vindo. O agricultor merece isso e muito mais. As dificuldades enfrentadas hoje serão superadas, e quando há organização e união, todos saem ganhando”, concluiu.
Próximos passos
Com o projeto técnico em fase de aprovação, o governo estadual vai iniciar as obras assim que o processo de licitação for concluído. A meta é reativar plenamente a Ceasa Joinville e restabelecer seu papel como centro logístico e econômico do agronegócio regional.
Perguntas Frequentes
Por que reativar a Ceasa Joinville?
A reativação busca fortalecer o abastecimento alimentar regional, reduzir deslocamentos de produtores e consumidores e valorizar a agricultura local no Norte catarinense.
Quais melhorias estruturais estão previstas?
Modernização da infraestrutura física, implantação de sistemas de gestão de resíduos e efluentes, e criação de um sistema informatizado de rastreabilidade e controle de produtos.
Qual será a capacidade após a reestruturação?
A central passará a atender até 21 boxistas, com movimentação anual estimada em 118 mil toneladas de hortifrutigranjeiros.
Há recursos garantidos para as obras?
Sim. Mais de R$ 3,5 milhões já estão alocados para a revitalização do pavilhão dos atacadistas, conforme informado pela Ceasa e pela Secretaria da Agricultura.
Quais os próximos passos do processo?
Aprovação do projeto de revitalização na Secretaria de Infraestrutura, licitação das obras e posterior seleção de novos boxistas para retomada plena das atividades.













