LAGOA DO PERI: REINTRODUÇÃO DE LONTRAS REFORÇA CONSERVAÇÃO AMBIENTAL EM FLORIANÓPOLIS

Os protagonistas dessa nova etapa de conservação são um macho e uma fêmea com cerca de oito meses de idade. (Créditos: Andy Puerari/PMF)

Em um gesto simbólico e ecologicamente poderoso, duas lontras da espécie Lontra longicaudis ganharam liberdade esta semana no Monumento Natural Municipal da Lagoa do Peri, em Florianópolis. A ação é fruto de uma parceria entre o Instituto Ekko Brasil, por meio do Projeto Lontra, e o Grupo Oceanic, com apoio e supervisão do IBAMA, do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e da Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram).

Os protagonistas dessa nova etapa de conservação são um macho e uma fêmea com cerca de oito meses de idade — filhos de uma história marcada por resgate e superação. A mãe, Nanã, foi encontrada ainda filhote pela Polícia Ambiental em 2016, sob a Ponte Hercílio Luz, tentando mamar no corpo da mãe já sem vida. A necropsia revelou que a lontra adulta havia sofrido traumatismo craniano devido a agressões humanas. O pai, Lucky, teve um destino mais ameno: foi entregue voluntariamente para um zoológico e depois integrado ao projeto de reprodução e conservação.

As lontras estão classificadas na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o que reforça a urgência de iniciativas como essa. A espécie enfrenta sérias ameaças, como a perda de habitat, a poluição de rios e a caça ilegal — fatores que contribuíram para o declínio populacional em diversas regiões do Brasil.

Para os especialistas envolvidos, a soltura dos filhotes representa mais que um simples retorno à natureza. É parte de uma estratégia de reforço populacional que busca restaurar o equilíbrio ecológico e estimular a biodiversidade dos ecossistemas aquáticos.
“Percebemos que nos últimos anos a quantidade de lontras que a gente avista aqui na Lagoa já é menor do que há 20 anos. Então, a estratégia é dar oportunidade a esses animais que estão nascendo dentro do nosso refúgio de viverem uma vida livre. Esse é o nosso grande sonho,” afirma Elisa Brod Bacci, Educadora Ambiental do Projeto Lontra.

“A soltura desses animais no MONA da Lagoa do Peri hoje representa o esforço e o trabalho de diversas pessoas ao longo de 44 anos para tornar esse ambiente protegido, preservado e saudável para esses indivíduos de uma espécie tão sensível e ameaçada,” explica Mariana Hennemann, Chefe de Departamento das Unidades de Conservação da Floram.

Além de predadoras de topo nas cadeias alimentares dos rios, as lontras também são verdadeiros “termômetros ecológicos”: sua presença indica boa qualidade ambiental, rios saudáveis e matas ciliares preservadas.

Mais do que uma ação de soltura, o que se viu foi um passo importante na caminhada pela conservação. E, no reflexo calmo das águas da Lagoa do Peri, duas pequenas lontras agora nadam livres, lembrando que proteger a fauna é também cuidar do nosso próprio futuro.

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