ESCOLIOSE: DOENÇA SILENCIOSA QUE AFETA MILHÕES DE BRASILEIROS

Em companhia dos pais, a menina Antonella Mazzochi, que sofre de escoliose esteve na sessão de hoje na Assembleia Legislativa. (FOTO: Rodrigo Correa/Agência AL)

Como manifestação e conscientização pela campanha “Junho Verde” que trata da doença escoliose, uma alteração estrutural da coluna vertebral que afeta milhões de pessoas no Brasil, a sessão ordinária de hoje na Assembleia legislativa, por proposição do deputado Fernando Krelling (MDB), abriu espaço para discussões sobre causas e efeitos dessa enfermidade.
A fisioterapeuta especialista em coluna vertebral, Tanara Ramlow, representando a regional sul da Associação Brasileira de Tratamento da Escoliose, destacou que a doença é uma alteração estrutural da coluna vertebral que pode ser observada em três dimensões: ao olhar o paciente de costas, lateralmente e quando ele se curva.

De acordo com Ramlow, em muitos casos a condição é percebida tardiamente, o que dificulta o tratamento. “A escoliose merece atenção de todos nós. É uma doença silenciosa que muitas vezes só é percebida na adolescência, principalmente entre meninas”, afirmou.
“As vértebras se entortam, giram por cima de seu próprio eixo. Não se adquire por sentar torto ou carregar peso de um lado só. É uma falha estrutural ou genética”.

Foi o que aconteceu com a pequena Antonella Mazzochi, que estava no Plenário com a família carregando uma capivara de pelúcia chamada “Chocolateiro”. Mesmo com consultas frequentes ao pediatra, a doença só foi percebida por um médico endocrinologista quando ela tinha nove anos de idade. Hoje, com dez anos, ela necessita de fisioterapia diariamente, além de usar um colete 23 horas por dia para evitar um tratamento cirúrgico. “Foi como uma bomba. Assustou toda a urgência de tratamento que ela necessitava”, contam os pais Bruno e Katiana. “Se foi difícil para nós, imagina para uma criança de dez anos”.

DOENÇA DE TRÊS FASES

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 3% da população mundial sofra com a escoliose. Ela é classificada em três tipos principais: a neuromuscular, a congênita e a idiopática.

A escoliose neuromuscular tem sua origem em problemas neurológicos, como a paralisia cerebral ou distrofias musculares, e a congênita é decorrente de deformidades presentes desde o nascimento, gerando as alterações funcionais do tônus e encurtamento muscular.
“Entender a causa é o melhor caminho para o tratamento adequado. Muitas vezes os pacientes chegam com a doença em condições avançadas e ficam muito tempo em fila de espera”, afirmou a especialista.

A idiopática, é a forma mais comum da escoliose, segundo Tanara Rawlon, representando 80% dos casos registrados. “Não há uma causa definida, é mais comum em meninas e não apresenta dor”, destacou.
“Pode aparecer em crianças e bebês e, justamente por ser silenciosa, se torna perceptível entre adolescentes. As meninas passam por aquela fase onde não se mostram, têm vergonha do corpo. Em muitos casos, quando chega o período do verão, é que os pais detectam que há algo diferente. Além de ser uma doença silenciosa, os adolescentes se escondem sobre roupas”.

BULLYING

A menina Antonella se emociona quando relata as dificuldades de usar o colete por todo o tempo e pelos desafios que enfrenta na escola. “O mais difícil é o bullying. Na escola falam que tenho coluna torta e dão risada porque não consigo correr”.
Bruno ainda relata que devido à toda a urgência que o caso necessitava, não conseguiu o atendimento via Sistema Único de Saúde. “Todo o tratamento foi particular. E toda a luta é para que ela não necessite de uma cirurgia”, afirma.

O deputado Fernando Krelling destacou que trazer a família de Antonella e a especialista Tanara Rawlon é uma oportunidade para que a Assembleia Legislativa abordasse esse tema de forma efetiva.
“Não vamos criar apenas um projeto de semana de prevenção, mas sim, de conscientização sobre as consequências da escoliose. Precisamos acabar com o bullying da escola e focar em ações práticas para o diagnóstico precoce”, destacou. “É um tema que precisa ser abordado principalmente no momento de construção das políticas de saúde pública”.

O deputado Mário Motta (PSD) lembrou que tanto ele, quanto Krelling se formaram em Educação Física e corroborou que a questão do diagnóstico é um dos maiores desafios. “Na faculdade não aprendemos a fundo essa questão ou os detalhes da doença”, acrescentou.
“Quero parabenizar meu colega por trazer o tema ao Plenário e reforçar o pedido aos outros 38 parlamentares para que possamos levar adiante a criação de uma campanha de conscientização”.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu comentário
Por favor, informe seu nome