
A Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) realizou, nesta segunda-feira, a primeira reunião aberta do Comitê de Crise do Tarifaço dos EUA, criado para enfrentar os efeitos do anúncio de que o governo norte-americano pode elevar em até 50% as tarifas de importação de produtos brasileiros. O encontro virtual reuniu empresários e especialistas e apresentou uma pesquisa sobre os impactos diretos e regionais da medida sobre a indústria catarinense.
“Estamos muito preocupados com o potencial impacto, porque Santa Catarina tem uma característica muito singular, com segmentos diferentes sendo afetados em proporções distintas”, alertou o economista-chefe da FIESC, Pablo Bittencourt.
SC É O 2º ESTADO MAIS AFETADO DO BRASIL
Segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Santa Catarina deve ser o segundo estado mais afetado do país, com uma retração estimada de 0,31% no Produto Interno Bruto (PIB), atrás apenas do Amazonas. Os setores mais expostos são os de madeira e móveis, cujas exportações para os Estados Unidos representam, respectivamente, 22,2% e 12,1% da produção.
IMPACTO SOCIAL EM REGIÕES MAIS VULNERÁVEIS
A situação é ainda mais delicada porque muitas das indústrias expostas estão localizadas em regiões com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). “Os reflexos sobre o mercado de trabalho podem ser severos e com consequências sociais graves”, destacou Bittencourt.
Em 2024, 15% das exportações de SC foram para os EUA. Na região do Planalto Norte, no entanto, 42,5% de tudo o que é exportado tem como destino aquele mercado, enquanto na Serra são 22,3%, no Centro-norte 24,9% e no Alto Vale 23,7%.
MOBILIZAÇÃO
A FIESC já iniciou a articulação com o governo do estado, que solicitou informações robustas para avaliar as ações propostas pela entidade. Os exportadores podem responder ao questionário por meio do link: https://forms.gle/PqhMfZVpm8wbXuSJ6
A mobilização das indústrias para responder às questões elaboradas pela FIESC junta-se a iniciativas já em andamento via Confederação Nacional da Indústria (CNI), de reuniões com o vice-presidente Geraldo Alckmin e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e à articulação com o governo de SC.
O industrial Leonardo Zipf destacou a dificuldade de abertura de canais efetivos de negociação e manifestou preocupação com o momento em que as novas tarifas serão cobradas, já que não se tem documentos oficiais detalhando a medida norte-americana. Leandro Gomes, executivo da Guararapes, destacou a importância da participação da indústria respondendo ao questionário e sugeriu que a FIESC priorize soluções que aliviem o caixa das empresas, propondo a liberação de créditos tributários para as exportadoras pelo governo do Estado.