
“Vamos deixar o celular de lado no almoço de domingo? Vamos conversar mais, escutar uns aos outros e compartilhar sonhos e dores? Isso está em falta.”
O convite à reflexão foi feito pelo voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV), José Vilela, durante a palestra “Saber Escutar é uma Arte”, realizada na tarde quinta-feira no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC).
A escuta que salva vidas
A atividade integrou a programação do Setembro Amarelo no Poder Judiciário catarinense, organizada pela Diretoria de Saúde e Qualidade de Vida (DSQV) em parceria com a Assessoria do Corpo de Bombeiros Militar (ACBM).
Os palestrantes foram os voluntários do CVV José Vilela Sobreira Sobrinho e Francisco Franco, que compartilharam suas experiências no trabalho de acolhimento emocional.
“Não é sobre falar bonito, é sobre escutar bonito – com respeito, empatia e sem julgamentos”, explicou Vilela, voluntário há mais de 20 anos.
CVV: mais de seis décadas de acolhimento
Fundado em 1962, em São Paulo, o CVV reúne atualmente 3,3 mil voluntários em todo o Brasil. Somente no ano passado, a instituição realizou 2,7 milhões de atendimentos gratuitos e sigilosos pelo número 188, disponível 24 horas por dia.
“A escuta sem crítica e sem comparação é o que pode oferecer alívio em momentos de solidão e sofrimento”, reforçou Vilela.
Tabus e novos desafios
Apesar dos avanços, o suicídio ainda é envolto em estigmas. “O caminho para romper tabus é a informação. Foi assim com a Aids, foi assim com o câncer de mama. Quanto mais se fala, mais vidas podem ser salvas”, disse Vilela.
Já Francisco Franco chamou atenção para um fenômeno recente: o aumento da ideação suicida entre os jovens.
“O que mais importa não é o que falar ou deixar de falar, mas estar presente. Acolher e se fazer disponível de forma verdadeira é o que faz diferença”, destacou.
Apoio no Judiciário catarinense
A médica Graciela de Oliveira Richter Schmidt, diretora de Saúde e Qualidade de Vida do TJSC, lembrou que o tribunal oferece assistência psicológica a magistrados, servidores e colaboradores pelo Programa Acolhe, em formato presencial ou remoto.
“Hoje temos tudo, menos tempo. Precisamos resgatar as relações, praticar a escuta verdadeira e nos fazer presentes. Escutar o outro é também curar a nós mesmos”, concluiu.