
O presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc), Dagnor Roberto Schneider, apresentou nesta quarta-feira dados alarmantes sobre a BR-101 Norte e criticou duramente a concessionária Arteris Litoral Sul e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) pela falta de ações concretas.
As declarações ocorreram durante a reunião da Comissão de Transportes, Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura, realizada no programa Alesc Itinerante, em Balneário Camboriú.
Prejuízo de R$ 1 bilhão ao ano e aumento de 500% nas mortes
De acordo com Schneider, os congestionamentos e gargalos na BR-101 Norte causam um prejuízo estimado em R$ 1 bilhão por ano ao transporte rodoviário de cargas. O montante é resultado de gastos extras com combustível, perda de produtividade e atrasos logísticos.
A situação também é grave em relação à segurança viária. Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o trecho norte da BR-101 em Santa Catarina tem 500% mais óbitos do que a média nacional nas rodovias federais.
“São registrados 24 óbitos a cada 100 km de malha viária em Santa Catarina, enquanto no restante do Brasil o índice é de apenas 4 mortes”, destacou Schneider.
Acidentes crescem 299% em relação a outros trechos de rodovias federais
Entre janeiro e junho deste ano, o trecho entre o quilômetro zero e o 245 da BR-101 registrou 24 mortes, contra 10 óbitos em todas as demais BRs do Estado.
O número de acidentes também é expressivo: 642 registros apenas na BR-101 Norte, frente a 162 ocorrências nas demais rodovias federais catarinenses — um aumento de 299%.
“Esses números são extremamente preocupantes. É uma tragédia que se repete ano após ano”, reforçou o presidente da Fetrancesc.
Concessionária é alvo de 900 notificações da ANTT
Schneider também direcionou críticas à Arteris Litoral Sul, concessionária responsável pela rodovia. Segundo ele, a empresa já recebeu mais de 900 notificações da ANTT por falhas de gestão, longas filas e demora nas praças de pedágio.
“É inadmissível que essa mesma concessionária possa ter seu contrato renovado por mais 15 anos. Isso é uma vergonha”, afirmou.
Propostas para aliviar o tráfego e reduzir riscos
A Fetrancesc apresentou três medidas principais para enfrentar a crise na BR-101 Norte:
1. Incorporação do Morro dos Cavalos ao contrato da Via Costeira, que administra outro trecho da rodovia;
2. Obras emergenciais em Itapema, Navegantes e Barra Velha até 2033;
3. Licitação única que unifique a BR-101 Norte e a Via Mar, incluindo a construção de uma rodovia paralela para desafogar o tráfego e melhorar o escoamento logístico.
“Precisamos reagir. Morrer pessoas no trânsito não pode ser algo normal. A Alesc tem responsabilidade sobre essa pauta”, enfatizou Schneider.
Deputados cobram ação imediata
O deputado Maurício Peixer (PL), autor do convite à Fetrancesc, manifestou indignação com o cenário apresentado.
“Santa Catarina está sendo esquecida. O serviço prestado pela Arteris é péssimo, e isso prejudica todo o país, já que o Estado é um dos maiores produtores do Brasil. Não podemos aceitar esse descaso”, afirmou.
Contexto e mobilização
A Fetrancesc já havia alertado, em novembro de 2024, para o risco de desabastecimento causado pelas más condições da BR-101 Norte.
Segundo a entidade, cinco dos dez trechos mais perigosos do país estão nesse segmento da rodovia — um problema que, além de comprometer a segurança, impacta diretamente a economia catarinense e nacional.













