ALESC: CACO BARCELLOS ENCERRA SEMINÁRIO COM ALERTA SOBRE O PAPEL DA IMPRENSA NA PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA

Jornalista defende responsabilidade ética na cobertura policial e reflexão coletiva sobre as causas da violência. (Foto: Jeferson Baldo / Agência AL)

A palestra do jornalista Caco Barcellos marcou o encerramento do seminário “Comunicação que Protege”, promovido pelo Comitê Integra, nesta quinta-feira, na Assembleia Legislativa. O encontro, em Florianópolis, debateu o papel da imprensa na prevenção da violência escolar.
Durante a exposição, Barcellos refletiu sobre como a mídia e a sociedade tratam a violência, compartilhando experiências acumuladas em décadas de cobertura policial.

Responsabilidade na hora de noticiar

O jornalista destacou a importância do bom senso e da responsabilidade na divulgação de casos de violência.
“Já é consenso que não se deve divulgar o nome do criminoso e é preciso ter cuidado com a exposição da imagem dele”, lembrou.
Segundo Barcellos, o trabalho jornalístico precisa considerar o impacto das informações sobre vítimas, testemunhas e sobre a própria sociedade, evitando que a cobertura incentive novas ocorrências.

Reflexão sobre o impacto da notícia

Ao citar os 449 homicídios registrados em Santa Catarina em 2024, o jornalista observou que apenas 6% foram cometidos por criminosos considerados ‘bandidos’.
“Geralmente se divulga o que chama atenção do público, o que dá audiência. Temos que refletir se isso não é um desserviço”, provocou.
Ele também questionou a contradição entre a religiosidade do país e os altos índices de violência:

“Estamos entre as pessoas mais religiosas do mundo e a religião geralmente condena a morte, mas somos um dos países que mais registram assassinatos todos os anos.”

Preconceito e desigualdade na cobertura policial

Barcellos criticou o preconceito de classe presente em parte das reportagens policiais.
“É raro ouvir que um banqueiro que desviou dinheiro tinha passagens pela polícia. Mas se é um moleque que roubou 100 reais, essa informação ganha destaque”, exemplificou.
Para ele, esse tipo de abordagem reforça estigmas e distorce a percepção social sobre criminalidade.

Crítica à cultura armamentista

O jornalista também rejeitou a ideia de que o armamento da população seja uma solução para o problema da violência.
“Isso atende apenas aos interesses da indústria de armas, não à segurança da população”, afirmou.
Barcellos lamentou que o Brasil ainda invista em estratégias baseadas no confronto:

“Aqui se combate violência da forma mais cara, com conflito, com morte e tiroteio —, e não com inteligência ou ciência.”

Chamado à reflexão coletiva

Encerrando sua fala, Barcellos fez um chamado à ação conjunta da sociedade.
“É algo que deve envolver todo mundo. Se a gente ficar passivamente só se surpreendendo a cada barbaridade, isso não nos leva a lugar algum. A gente precisa de postura ativa. Temos a tendência de cobrar das autoridades, mas o que estamos fazendo, até para que a gente possa cobrar das autoridades”, questionou.

Perguntas Frequentes

Qual foi o foco da palestra de Caco Barcellos?
Discutir o papel da imprensa na forma como a violência é retratada no Brasil e os impactos dessa abordagem sobre vítimas, testemunhas e a própria sociedade.

Que cuidados ele defende na cobertura de casos de violência?
Evitar sensacionalismo, usar bom senso sobre o que noticiar e não expor identidade e imagem de autores para não estimular novas ocorrências nem agravar danos.
Que dado ele citou sobre homicídios em Santa Catarina?
Destacou que, dos 449 homicídios registrados no estado no último ano, apenas 6% foram praticados por “bandidos”, provocando reflexão sobre critérios editoriais que priorizam o que mais “chama atenção”.

O que ele observou sobre preconceito de classe na cobertura policial?
Que ocorrências envolvendo pessoas pobres recebem rótulos e antecedentes com destaque, enquanto crimes de colarinho branco raramente são tratados da mesma forma.
Qual a posição sobre armar a população como resposta à violência?
Barcellos critica a política armamentista, apontando que atende a interesses da indústria de armas e não reduz a violência; defende inteligência e ciência nas soluções.

Como a sociedade pode agir a partir dessas reflexões?
Adotando postura ativa e coletiva, cobrando autoridades com base em ações concretas e fortalecendo uma comunicação responsável que promova cultura de paz.

Onde acompanhar conteúdos e desdobramentos na Alesc?
Pela Agência AL e pela TVAL, além do portal institucional da Assembleia.

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