AUDIÊNCIA NA ALESC: OBSERVATÓRIO DO CÂNCER VAI REFORÇAR DIAGNÓSTICO PRECOCE DA DOENÇA

Os desafios de quem tem câncer não são apenas estatísticas. São pessoas que precisam de respostas imediatas. (FOTO: Rodrigo Correa/Agência AL)

Santa Catarina pode ganhar Observatório do Câncer para reforçar diagnóstico precoce e políticas públicas. Esses encaminhamentos foram discutidos hoje em audiência pública na Assembleia Legislativa promovida pela Comissão de Saúde, reunindo autoridades, profissionais de saúde, entidades da sociedade civil, pacientes e especialistas.

A solenidade de abertura contou com a presença do presidente da Comissão de Saúde e proponente da audiência pública, deputado Neodi Saretta (PT); do secretário de Estado da Saúde, Diogo Demarchi Silva; da diretora da Associação Brasileira de Portadores de Câncer, Iriana Koch; do vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Carlos Gustavo Crippa; da presidente da Sociedade Catarinense de Radiologia, Aline Patricia Bianchini; do diretor-geral do Cepon, Marcelo Zanchet.

Além da importância do debate em si, a iniciativa é emblemática por marcar os 25 anos de atuação da Associação Brasileira de Portadores de Câncer (Amucc) e da aproximação do Outubro Rosa, campanha que simboliza a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama.

Santa Catarina deve registrar 39,6 mil novos casos de câncer em 2025, segundo projeção do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Florianópolis concentrará 4.670 ocorrências. Os tipos mais incidentes serão câncer de mama, próstata e colorretal.

Para o presidente da Comissão de Saúde as demandas do setor são desafiadoras e precisam avançar. “Precisamos ampliar essa rede de atendimento oncológico no estado para dar celeridade e melhorar os serviços”, observou, destacando que é necessário a incorporação de novas tecnologias ao SUS.

“Protocolei proposição na Alesc com o objetivo de incluir testes genéticos, que são exames que analisam o DNA de uma pessoa em busca de mutações que podem aumentar o risco de desenvolver certos tipos de câncer. Esses testes podem ser úteis para identificar predisposição a câncer hereditário e auxiliar na tomada de decisões“, disse.

Observatório do Câncer: proposta central do encontro

Uma das principais demandas apresentadas foi a criação de um Observatório do Câncer em Santa Catarina, que reuniria dados atualizados sobre incidência, diagnósticos e tratamentos no estado.

Para a diretora da Associação Brasileira de Portadores de Câncer (Amucc), Iriana Koch, a ferramenta permitirá maior efetividade das políticas públicas:

“Com o observatório, teríamos dados reais e atualizados. Quem tem câncer tem pressa.”

A audiência também antecipou as discussões do Outubro Rosa, campanha voltada à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de mama.

A entidade defende projetos como:
• Ampliar o acesso à mamografia pelo SUS a partir dos 40 anos (hoje, a recomendação nacional é dos 50 aos 69 anos);
• Criar o Selo Rosa, para identificar empresas que contratam mulheres diagnosticadas ou em tratamento, oferecendo jornada flexível e trabalho remoto.

Fundo Estadual de Combate ao Câncer

O deputado Neodi Saretta (PT), comentou ainda que o Parlamento pleiteia a criação do Fundo Estadual de Combate ao Câncer em Santa Catarina. A iniciativa, informou, é para garantir recursos destinados ao tratamento e atendimento de pacientes com câncer, além de promover diagnósticos precoces e apoio.

O projeto de lei para a criação desse fundo visa assegurar maior qualidade de vida e saúde pública para os catarinenses diagnosticados com a doença. “Uma série de questões foram levantadas e serão demandadas. Os desafios de quem tem câncer não é apenas um número, um caso, são pessoas que necessitam de respostas imediatas”, observou o parlamentar.

Rede de atendimento precisa avançar

Atualmente, Santa Catarina possui 21 unidades habilitadas para tratamento oncológico, sendo 8 com radioterapia. O Cepon, em Florianópolis, é referência estadual.

Apesar disso, há gargalos. O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Carlos Gustavo Crippa, alertou que:
• 70% das mulheres catarinenses dependem do SUS;
• Apenas 30% dos casos são diagnosticados precocemente;
• O estado tem 177 mamógrafos cadastrados, suficientes para ampliar a cobertura, mas falta um programa efetivo de rastreamento.

Secretaria da Saúde reconhece desafios

O secretário estadual da Saúde, Diogo Demarchi Silva, afirmou que a pasta está aberta para colaborar com a criação do observatório e reforçou que o diagnóstico precoce é prioridade: O governador Jorginho diz que a saúde tem pressa, Santa Catarina tem pressa e quem tem câncer tem mais pressa ainda.”

Sobre a proposta de mamografias a partir dos 40 anos, o secretário disse que a Direção Nacional de Saúde recomenda rastreamento para mulheres de 50 a 69 anos. Mas há debate sobre a ampliação da faixa etária com base em evidências científicas.

“A saúde no Brasil é tripartite, envolvendo União, estados e municípios”, lembrou o secretário. Ele também se colocou à disposição para a criação do observatório e destacou que o Estado já tem uma central de informações estratégicas.

Sobre novas tecnologias, Diogo mencionou que o SUS incorporou 36 medicamentos, mais de 30 para oncologia, mas sem financiamento. “O governo do Estado investiu mais de 500 milhões em remédio oncológico. O Estado pode fazer, mas é preciso entender responsabilidades.”

Santa Catarina pode liderar políticas inovadoras

Especialistas defendem que o estado lidere iniciativas de rastreamento organizado e uso de novas tecnologias no diagnóstico. Para a presidente da Sociedade Catarinense de Radiologia, Aline Bianchini, prevenção é investimento:

“Temos capacidade de cobertura superior a 200%. O que falta é um programa efetivo de saúde pública para garantir o diagnóstico precoce.”

O diretor-geral do Cepon, Marcelo Zanchet, destacou que prevenção é investimento. A médica Ana Paula sugeriu a inserção de cinco a dez exames de BRCA por mês no Cepon. “O paciente de câncer não é apenas um doente. Ele é um amor de alguém”, disse.

Tratamento oncológico em Santa Catarina

Santa Catarina conta com 21 unidades de saúde habilitadas para o tratamento oncológico, incluindo 8 com radioterapia. O Cepon é referência no estado, inclusive para câncer de intestino.

Exames de rastreamento, como a tomografia com baixa dose para câncer de pulmão, são importantes para detecção precoce. O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura e reduzir a mortalidade por câncer.

 

 

 

 

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